3.7.09

Informação ou atenção?

Algumas pessoas se perguntam como o tal do twitter deu certo, o que ele tem de diferente. O twitter, diferente de um blog, acusa suas novidades banais para sua rede de amigos. Isso faz com que as pessoas criem uma ilusão de audiência, sua demanda por atenção estaria sendo satisfeita. Mas ninguém dá a mínima pro que você tem a dizer, estão todos cagando.

A chave do negócio é o seguinte: caracteres limitados. Os olhos curiosos realmente percorrem aquelas frases miúdas por mais rídiculas que elas sejam. Em contrapartida, justamente por clamar por atenção, as pessoas inventam amizades e ficam satisfeitas em ter quantos seguidores for possível. Para tal, é preciso seguir várias pessoas. Daí chega-se a uma suruba de informações minimalistas que foram feitas nos últimos 5 minutos e o resto todo se perde pela impaciência (serei educado e não direi desinteresse). Mas quem foi que disse que isso importa? A ilusão de atenção ainda existe.

Concluindo, o twitter falha em sua intenção de informar na medida que aumenta o número de seguidores; porém, potencializa a ilusão de atenção, o que satisfaz a cabeça carente do homem moderno. Mais um texto horrível feito pelo tédio.

2.6.09

Juventude tardia

Ok, pode parecer ridículo, mas não lembro de ter feito alguma irresponsabilidade ao longo da minha patética juventude. Bem, que tipo de filho é esse que não faz nada irresponsável? Certinho, disse minha mãe um dia.

Eis que surge o plano: o roubo do carro. Sim, ficariam loucos! Onde teriam errado na educação desse menino? Merda nenhuma. O que vi foi uma inversão de valores, onde minha irresponsabilidade foi motivo de orgulho para todos. Enfim, a irresponsabilidade está nos olhos de quem vê. Afinal não havia irresponsabilidade... havia alguém querendo fazer algo que já devia ter feito há muito tempo. E se tem algo a ser dito, deve ser parecido com "finalmente, ein, seu bostinha?".

15.5.09

Da estupidez como forma de diversão

As pessoas não sabem lidar com a provocação. Elas têm medo do embaraço. Além disso, afirmo que a curiosidade é maior que a dignidade humana. O que falta são pessoas para assumir isso.

It's all about fear. As pessoas tem medo, fato. Sempre acreditei que o desejo pelo diferente fosse universal. Mas quando o diferente bate à porta, o normal é se esconder embaixo do cobertor ou se trancar no banheiro da mesquinharia.


"Não há no mundo coisa mais difícil do que a sinceridade e mais fácil que a lisonja. Se à sinceridade se mistura a mais mínima nota falsa, surge imediatamente a dissônancia e, atrás dela... o escândalo. Ao passo que a lisonja, ainda que seja falsa até a última nota, torna-se simpática e ouve-se com satisfação: com satisfação grosseira, sim, mas com satisfação. E por mais tosca que seja a lisonja, metade dela, pelo menos, parece sempre verdadeira. E isto em todos os graus de cultura e hierarquia social."
Dostoiévski

13.5.09

Ha ha said the clown

Hoje deixei o almoço no prato. Me alimentei de arrependimentos e estava empanturrado.
Sabe Raul, eu bem queria que o passado parasse de jorrar pelo hoje. Assim eu poderia espiar um pouquinho do futuro. Entretanto, não sei se preciso disso mesmo.
Embarquei no carrossel errado... cansei desse giro infinito que me leva sempre pro mesmo lugar.
Ah, palavras e suas letrinhas limitadas! Não pareço conseguir tirar mais nada de vocês... será que eu entendi tudo rápido demais? Nada! Ilusões de vitória, apenas. Jamais entendi nada.

Ok, senhores. Acho que já lhes rendi risadas o bastante...

E saiu.

2.3.09

Um quarto

Um quarto de século.
Por ter saído por entre as pernas de minha mãe.
Um quarto vazio.
Por ter saído de casa meu irmão.

A saída forma um quarto, ou um quarto forma a saída?
Na dúvida, vou ao meu quarto. E de lá não saio.

18.1.09

Dicionário

Já ouvi falar que a felicidade se trata de toda sensação de possibilidades que o tempo pode lhe oferecer. Sentir todo esse conjunto ao seu redor é sensacional. Entretanto, mesmo aos pessimistas, são as possibilidades positivas as responsáveis por florescer sorrisos escondidos.

É curioso como as situações podem se reverter durante o tempo, e assim conhecer que a desgraça também se dá por sensações que o tempo pode oferecer, mas que você prefere não fazer questão de saber que elas existem.

E num desses casos toda sua visão de mundo pode mudar. Você pode se sentir a pessoa mais patética da face da terra. E talvez seja isso mesmo, pois mesmo não tendo feito -aparentemente - nada de errado, é você que sofre com a concretização dessas possibilidades. E o mundo continua a girar. E foda-se.

Em um castelo de cartas, a última carta sempre põe em risco toda a solidez do castelo. O mesmo parece acontecer com a confiança. É díficil ter que riscar a palavra confiança do dicionário, risca-se a lápis. E como quem não tem nada a fazer, lá se vai empilhar cartas novamente segurando uma borracha na mão.

16.12.08

Um ano

O período de um ano é algo engraçado. Ele é referência. Como as pessoas gostam muito de ter saudades, elas dividiram o ano em meses, os meses em dias... e assim facilita a referência. Não é preciso esperar um ano para poder lembrar das coisas. Mas mesmo assim o ano é sempre fatal, ninguém escapa. Ainda mais em fim de ano.

Não sou daqueles de fazer promessas no início do ano e no final dele fazer o balanço disso tudo. Faço lá um pedido e outro, como quem não quer nada... e acaba não tendo nada mesmo. Fiz anotações de livros e filmes desse ano, como que para me estimular, mas não deu lá muito certo. Digo pela parte do incentivo, pois a lista está por aí. Talvez a de filmes eu tenha esquecido alguma coisa, mas quem se importa? Além disso, bolei algumas frases ao longo do ano, e eis o porquê de eu estar aqui agora, para consolidá-las no blog e compartilhar com os poucos olhos que aqui passeiam.

"Em uma guerra, a primeira vítima é a ética."

"Existem dois tipos de pessoas no mundo: as que dividem o mundo em duas coisas e as que estão pouco fudendo pra isso. Eu estou pouco fudendo."

"Se a desmotivação fosse apresentada a mim, sofreria crise de identidade."

"Todas as notas do mundo são virtuais."

E falando em saudades...
"Arrependimento é ter saudades do que não aconteceu."

E tem esse mini texto também. Poderia ter publicado ele a parte na época, não sei o motivo de não ter feito isso.
"Uma sociedade em que as pessoas só querem ser iguais as outras.
As que se julgam diferentes imitam um alguém que elas fingem não existir.
E me pergunto: onde estão as pessoas normais nesse mundo?
Tudo muito comum, onde nada parece normal.
O caos se instala quando comum e normal são palavras distintas."

Menção honrosa para esta que creio ter sido do ano passado: "que vontade de fazer nada... que falta de vontade."

Despedidas, finais... geralmente se dá uma visão negativa para essas coisas. Comentário a parte, pois não estou sabendo dar fim a isso. Tempo ainda tem, mas acho que blog só no ano que vem. Boas lembranças a mim e a todos.

20.10.08

Estatística

Porque eu sempre fui a média. O sem graça, o comum. Mas nunca a moda, a moda jamais.
E quando deixei de ser a média, passei a ser o extremo... e vivo sendo rejeitado pela curva normal.

2.9.08

2 reais

Há dois dias achei dois reais no chão. Mas não ajuntei.
Quantas interpretações dois reais no chão podem criar?
Quantas coisas dois reais podem comprar?
Dormi doze horas nesse dia.

20.6.08

Sonhos

Já tem algum tempo que acordei com certo espanto numa dessas manhãs que não sabe em que estação estamos. Ou foi numa tarde? Ter o horário desregulado (e ser um vagabundo) causa essas dúvidas.

Deixando os parênteses de lado, o espanto foi causado por um sonho. Pesadelo, então? Não, sonho mesmo. Um sonho repetido. Um velho negro e banguela cantava uma paródia sobre relação entre homem e mulher. Eu estava na roda que apreciava a canção. Era uma letra engraçada. Eu ria, assim como os demais.

Mas o mais engraçado disso é que - lembrando do filme Waking Life - a canção na verdade era minha. O velho era eu. A platéia toda, quem sabe. Meros coadjuvantes. Toda essa idéia foi minha, eu já tinha sonhado com ela. O cenário mudou, a música se repetiu. É uma pena não me recordar da letra, de novo. É uma pena que uma hora a gente acorda e não pode prosseguir o sonho. Não recantar, não reviver. E ele vai se apagando, apagando... até não conseguir mais se lembrar dele. Entretanto, em algum canto tudo se guarda e, sem mais nem menos, o sonho pode se repetir.

Assim também é na vida. Tudo não passa de fugazes sonhos. Uma linda arquitetura sustentada por pilares de idealizações quiméricas e orgulho obsessivo. Um dia a gente acorda, e o sonho acabou. E se apaga, aos poucos. Pode-se repetir sonhos em vida? O rancor grita que não. A esperança suspira que sim. E sem tomar partido, agora espero ter o mesmo espanto do acordar antes de dormir.

15.5.08

E era

Diferente do meu amigo Álvaro de Campos, eu tardo. Sempre tardo.

E hoje, pela primeira vez, vi um show da banda que ajudou a dar nome a este blog. Já não sei me emocionar como antes. Mas é inevitável remoer o passado ouvindo os sons que tanto influenciaram minha juventude, e que ainda carrego algo deles nos meus bolsos.

Ainda mais que o show foi no meu antigo colégio. Ao meu lado, jovens que estavam começando a aprender a tabuada enquanto eu cantava as músicas num verão distante. Outros que aprendiam a dar as primeiras voltas de bicicleta e alguns que deviam ainda engatinhar.

No meio dessa gente vi relances de pessoas e cenas do passado. Nesse passado onde fui sincero como não se pode ser. Ainda hoje sou. Ouvi de novo que é inútil ter certeza.

Relance de pessoas que pareciam tão sozinhas, onde parecia que era minha aquela solidão... e era.

26.4.08

Perfumes

Alguns perfumes já fazem parte da minha vida. Fragâncias que me jogam para anos remotos, que me fazem recordar de tempos que nenhuma foto registrou. Algumas dessas fragâncias vêm acompanhadas de sons, e quando som e cheiro se encontram ao mesmo tempo no hoje, eu vejo aquela foto não batida.

Outros perfumes achei que nunca esqueceria, mas eles se foram. Cada um teve seu tempo. Alguns meses, outros anos... mas nenhum ficou. O último perfume sempre se impõe sobre os outros, se adere a nossa alma e vez por outra se joga, tomando conta do ambiente, nos deixando confusos. De onde surgiu esse perfume? Estou no meu quarto, e nunca senti ele aqui antes... por que hoje ele surgiu?

É estranho a forma que alguns perfumes se dissipam. No fundo sabemos o porquê, e mesmo assim tentamos agarrá-lo em vão e, no máximo, rasgamos o vento. Tenho ainda a impressão de que algum dia um perfume irá reinar... e quem sabe, será o seu.

14.4.08

Plástico

Quer uma sacola?
Não, já não suporto mais!
Já me bastam as embalagens!
Estou cercado de plástico!
Parem com isso!
Chegaremos ao ponto de morrer plastificados
Enterrar-me-ão com plástico?
Poupem-me dessa miséria!
Vão em frente, joguem flores de plástico
Vistam-me com poliéster, suportarei...

Mas não me embalem em plástico!

Quero um caixão de madeira, ouviram?
As alças? vá... que sejam de plástico
Não as tocarei jamais

9.4.08

Aprendizado a longo prazo

- Realmente não sei do que gosto, eu sei lá o que eu faria invés de administração... eu não quero fazer nada... mentira, mas sei lá...
- Eu gosto de publicidade.
- É, talvez eu poderia ter ido pra publicidade... psicologia... só que eu não acredito muito na publicidade, sabe? Não acredito na administração também... mas descobri isso muito tarde... psicologia eu também não acredito muito... hehehe...maldição!
- Eu não quero fazer nada relacionado à matemática e ciências humanas.
- Ah, eu sempre gostei de matemática... mas mais pelo desafio assim, não pela parte burocrática... mas também descobri isso tarde demais. Como tu pode reparar, eu sempre demoro pra reparar as coisas... reparei isso só agora... IHAIHAihAIhuA (risada tentando camuflar o desespero)

26.3.08

Desencontros

Ah...a impossibilidade de mudar a opinião alheia.
Chato, não?
Quando se tem muitas coisas a serem ditas, mas sem sentido algum... não há razão.
Cada um vê as coisas da sua maneira. Por que queres que vejam da tua maneira?
Que egoísmo é este? Te conforma... pouco provável que mudarão de idéia pelas tuas palavras.
Hahaha ainda não entendeste? Chega de tentar chamar a atenção! Tuas atitudes desesperadas também de nada valem!
Quem tu quer que veja, não dá a mínima! Nem repara! Já sabes disso.
E se reparar, olhará com pena e definirá como ridículo.
Não, não adianta querer encontrar culpa e culpados... ou também não é assim que ages quando clamam por tua atenção?
Então por que insistir com um amor exclusivo? Sem entrega do outro?
- Eu te amo por nós dois! Deixa eu te amar! Vou ser quem tu deseja! Me dá uma chance!
Não, não te humilhe a tal ponto. Aprenda que se o amor não é equivalente, não é amor de verdade.
Talvez admiração, paixão... mas isso não exige tamanha entrega.
Não conto isso somente por experiência própria, é assim com todos. Acho que se não fosse assim, Drummond não teria escrito Quadrilha.
Somos seres complexos... não é assim que dizem? Queremos ser complexos, é diferente.