21.8.07

Cego, surdo ou mudo?

Antigamente eu achava que ser cego era a pior das três hipóteses.
Demorou, mas VI que ser surdo é pior.
Não foi humor negro... senão que eu vire mudo.

Os MESMOS papos

E tem quase um ano, mas o discurso continua...
Continuo incompreensível e incoerente... sabe-se lá a razão disso.
Ah a lógica, como queria ter a lógica de tudo isso. Mas tudo é tão ridículo. A solução parece tão simples e também tão desgraçadamente sem sentido.
É a famosa lei do equilíbrio fudendo com tudo. Para alguém se dar bem, alguém vai ter que sofrer. Meu papel parece ser manter a vida de uma dezena de pessoas felizes, equilibrando a natureza.
Maldita sensação de não poder fazer nada. Dizem que pode... mas dizem muitas coisas que cansei de ver o contrário desmentir. Aceite o fardo e ponto! Viva os anos que lhe forem permitidos e cale essa maldita boca!
E se mantém calado, incompreensível e incoerente.

É... no fim das contas, só mudam as moscas...

17.8.07

Amor de bagre

Me ensina como te esquecer?
É a única coisa que te peço.
Entraste pelos meus olhos, chegastes ao meu coração, e agora teima em não sair.
Escolha uma saída, por favor! E se quiser minha boca estará esperando teu retorno.

Conflito de gerações

Andava solitário e pensativo o jovem, quando repentinamente escuta uma voz a lhe chamar insistentemente. Olha para trás em vão, duas ou três vezes, até perceber que a voz que lhe procurava estava ao horizonte, em sua frente.
Tratava-se de um adulto decepcionado.
- Por que tanto me chamas? - indagou o jovem
- Não vê no que estas te transformando rapaz? Olhe bem.
Ele sabia do que o adulto estava falando, pensava a mesma coisa freqüentemente. Porém achou inválido responder-lhe.
- Quem pensas que é? Pensas que só por me ver aí do alto pode julgar quem sou?
- Sou teu futuro, e já te observo há muitos anos!
O jovem já nem lembrava da sua longa espera, do tempo em que uma criança sorridente veio e lhe abraçou dizendo que a hora de andar havia chegado. Mas bastou o grito do adulto para lhe lembrar. E essa breve migalha de memória foi suficiente pra entender o porquê de estar em tal situação, sendo alertado pelo seu futuro.
- Pois se continuar o fazendo, estarás tão somente seguindo o meu caminho errante.
- Não te entendo... - responde o adulto agora confuso.
- Foi por observar demasiadamente minha... nossa infância, que esqueci de olhar para o caminho que eu teria que percorrer. Agora não sei aonde piso... mas sei que um dia te encontrarei... e se assim continuar, tornar-se-á o que hoje tanto abomina.
Em silêncio, o adulto fez um breve sinal de concordância e deu as costas ao jovem. Lhe pareceu sensato o que disse o jovem. A ele só restava esperar... observando sua própria e longa estrada. Estrada essa que daria ao alto da montanha, onde um velho caduco e louco caia na risada.

Nessa estrada passos lentos encurtam o caminho, passos longos o aumentam. No fim, o tempo é igual para todos... a pressa ou a lentidão são somente formas de modelar o próximo caminhante de diferentes maneiras. Cada um faz como lhe parece certo.

Em tempo, fica o ensinamento mais-merda-nenhuma, do mestre Patrul Rinpoche:

"Não prolongue o passado,
Não convide o futuro,
Não altere sua atenção natural -
Não tema aparências.
Não há nada além disso!"

8.8.07

O grito

Sai de casa, vai pra rua e faz coisas sem saber
Faz porque é necessário, julgam necessário
A ti, parece sem sentido e sente vontade de gritar
mas antes olha pros lados, olha pra frente e pra trás
Sim, tem vergonha que te escutem
Sentindo estar sozinho solta o grito
Um grito fraco, rouco e vergonhoso feito quem o soltou
Uma folha cai, um pássaro se assusta
mas a alma... a alma boceja. E o grito chora.