20.3.06

Renegados

Vi ontem o documentário "Falcão" que passou na globo, e fiquei impressionado com muita coisa. É incrível o isolamento em que vivem essas pessoas, sem nenhuma perspectiva de futuro. Eles vivem uma outra realidade, bem distinta da nossa, e para poder encarar, fazem uso de algo que está tão próximo a eles. Falta oportunidade pra esses indivíduos, apoio, compreensão... num mundo sem amor, sem compaixão, sem altruísmo, de relações e amizades descartáveis, achar algo concreto beira a impossibilidade. Não há mais respeito com o próximo, as pessoas procuram criar uma esfera protetora ao redor de si, numa espécie de egocentrismo disfarçado e retraído. Há uma forte individualização em detrimento do coletivo, e as nossas vidas acabam por não fazer a mínima diferença. Todos tendem a ficar cada vez mais sós e abandonados, seguindo uma tendência de marginalização - literal ou metafórica - tão similar quanto a dos indivíduos retratados no documentário. Resta-nos romper essa barreira criada por nós mesmos para, então, acordar para a verdadeira realidade e fazer a diferença.

12.3.06

A luta pela cura

Sei que ando meio desligado (de repente, a letra de 'ando meio desligado' me parece ótima pra esse enfoque) e confuso, mas é porque tenho vivido sob forte influência de uma droga; e como toda droga, me faz ir do inferno ao paraíso e vice-versa. Me deixo aplacar, abalado por um consolo sem remorso. Não há mais como resistir, diariamente eu me rendo a ela, já que tudo me remete a ela, já que tudo não faz mais sentido sem ela. Busco uma maneira de escapar dessa morte lenta e gradual, amenizar essa pressão, aliviar o fardo, desatolar dessa merda que me afoga.... do começo ao fim do dia... acumulando. Na droga eu acho um alento, uma justificativa para viver: ela alimenta meu ser, supre minhas carências. Ela é tudo que quero e preciso, não é apenas a satisfação de um desejo. Passado o efeito, percebo que minha alma é pouco a pouco consumida. Sinto-me então inadequado, incompleto, insatisfeito, inconformado, infeliz.

Tento a cura, mas o tratamento vem sendo demorado e desgastante, já que ela é muito difícil. Engraçado é que minha cura e minha doença têm o mesmo nome; tenho a doença, mas não tenho a cura. É exatamente isso - por mais paradoxal que pareça -, e é muito mais penoso do lado de cá. Porém, como já disse, sair dessa condição é uma tarefa árdua. Saber disso me deixa frustrado, desanimado, desapontado, desiludido... a angústia toma conta de mim. Agora, pago o preço por uma escolha que não fiz. Viver doente talvez seja inevitável.

A cura... ELA me parece cada vez mais distante.

7.3.06

O Cara da TV

O cara da TV tem grande influência na vida da minha mãe. Qualquer frase de minha mãe que vier acompanhada de "o cara da TV falou" para ela é uma certeza. Não adianta tentar discutir, o cara da TV disse, e está dito! Primeiro é preciso entender que o cara da TV tem várias personalidades. Ora ele pode ser médico, ora um profeta. Preciso admitir que quando o cara da TV faz previsões de catástrofes ou coisas bizarras minha mãe não leva muito a sério, mas deve ficar com um belo ponto de interrogação na cabeça.

A última do cara da TV que minha mãe veio me contar foi de que dia 23 de março de 2006, as 9:45 (não sei se da manhã ou da noite), uma nuvem cósmica apareceria e ela sugaria pessoas...! Verdade? Mentira? O que eu sei é que foi o cara da TV que falou, e por via das dúvidas, minha mãe veio me contar.

Se eu ver alguma nuvem sugando pessoas eu tento pensar se o melhor é ser sugado ou continuar aqui pela Terra mesmo. É uma decisão difícil de ser feita... ser sugado seria um tiro no escuro. Ficar na Terra não, ficar na Terra é um tiro na cabeça... Espero que o cara da TV não esteja mentindo.